Dando um tempo na historinha. Hoje foi meu dia de folga e como estou com torcicolo e não dá pra fazer snowboard assim, aproveitei o dia para tirar umas fotos da cidade. Pra facilitar as coisas fiz um videozinho com as fotos que tirei hoje.
E pra complementar um outro vídeo do ano passado, mostrando o que o pessoal fazia da varanda daonde eu moro.
Quando chegamos só o João e o Tibia estavam dormindo por aqui, e o Caio ainda não tinha chego. Como só tinham 3 camas, o Tibia teve que dormir no chão. Já não lembro mais a ordem das coisas, mas foi algo como comer, tomar banho e dormir.
O plano incial era aproveitar o dia seguinte pra arrumar as malas, descansar e conhecer a cidade. Mas já na chegada, o João e o Tibia alertaram a gente que não tava fácil arranjar emprego. Diferente do que eu tinha imaginado, onde eu iria andar na rua e ver várias plaquinhas de "contrata-se". Uma falsa imagem que a Intercultural me passou. Então decidimos sair procurando emprego logo no dia seguinte.
Não foi dificil aprender a se virar na cidade. Os ônibus são gratuitos, passam de 20 em 20 minutos e demora menos de 10 minutos pra chegar no centro da cidade. Todas as lojas tem um folder com o mapa. E eu acho que Aspen não deve ser muito maior que a Daniela. A seguir a comparação dos dois mapas.
Distância da onde eu moro até o centro da cidade (2km):
No dia seguinte ainda precisávamos entregar o carro no aeroporto de Aspen. Antes fomos no Wallmart mais próximo, em Gleenwood (45 minutos de carro, e 1 hora e 15 de ônibus). As coisas são muito baratas lá, tem até arma pra vender na loja. Compramos tudo lá, almoçamos no Subway, me arrependi, pois tava muito picante. Voltamos pra Aspen, deixamos as compras em casa, abastecemos o carro e entregamos ele bonitinho no aeroporto.
A tarde começamos a procurar emprego. Ai começou o pior período que passei aqui. Foram duas semanas procurando, passamos em vários hóteis, lojas de roupa, restaurantes. A maior empregadora de Aspen, a Skico, que emprega mais de 3000 pessoas na temporada de inverno, não estava mais contratando pessoas com visto J-1 (o meu). Vários lugares diziam que não queriam pessoas que não pudessem ficar até o fim da temporada, que é em abril. Meu visto só permite trabalhar até 15 de março. Entre esses lugares estão os maiores hotéis daqui. Outros lugares disseram que já estavam com a equipe completa, que o período de contração foi em novembro e antes ainda. Com o passar dos dias fui ficando saturado de ouvir essas respostas. Não estava conseguindo nada, nem mesmo uma entrevista. Não sei como funciona no Brasil, pois nunca sai procurando emprego assim, mas aqui eles pedem pra preencher applications, que são questionários sobre experiências profissionais, normalmente pergunta se estou legalmente nos Estados Unidos, se nunca fui acusado de algum crime. E preenchi vários desses. Sempre colocando minha única experiëncia profissional que é com programação de computadores. Enquanto algumas outras pessoas mentiam, dizendo que já tinham trabalhado em lojas no Brasil, em restaurantes.
Ao mesmo tempo que estava dificil pra mim conseguir emprego, estava difícil pra todos os brasileiros que estão por aqui. E não são poucos. Estou morando num conjunto de apartamentos que tem 8 blocos, cada bloco com uns 18 apartamentos, cada apartamento com no minimo 3 pessoas. E essa é uma moradia para trabalhadores da temporada. Chutando mais de 800 pessoas. Era dificil pegar ônibus por aqui sem ouvir português. E normalmente a pergunta era: "E ai, já arranjou alguma coisa?".
No fim da primeira semana chegou o Caio, o quarto morador daqui de casa. Chegou numa sexta a noite, com mais 4 pessoas. Como era sexta de noite, essas 4 pessoas não tinham como alugar um apartamento até a segunda seguinte. Nessa época tinha um bahiano dormindo aqui em casa também. Num espaço que era pra dormir 3 pessoas, nesse apartamento que só tem 1 pia, estavam dormindo 10 pessoas. Um verdadeiro caos de manhã, quando pessoas se maquiavam, faziam a barba, lavavam a louça e faziam comida num mesmo espaço.
Pra terminar esse post, uma foto da tradicional terça em dobro da Domino`s:
Depois de passar pela imigraçao, fomos esperar o embaque do vôo para Denver. Vista da sala de embarque:
No vôo de Dallas, eu e o Guilherme conhecemos outro Guilherme que estava indo para Silverthorn, que fica no caminho para Aspen. Embarcamos nós três rumo a Denver. No vôo a aeromoça perguntou o que eu queria beber, para ser diferente eu pedi café com leite, e ela me deu só o leite. Bem legal. Vista da nossa janelinha:
Chegando em Denver, tivemos que pegar um trenzinho dentro do aeroporto pra chegar até nossas bagagens. Em seguida conectamos na internet pra ver se conseguíamos falar com o João, que disse que buscaria a gente. Não conseguimos. Começamos a passar nos guiches da alugadoras de carros. A maioria delas dizendo que o preço do carro sairia mais de 250 dólares. Preço que não estavamos afim de gastar. Até que achamos uma locadora que faria o preço de 58 dólares + a taxa por não ter ninguém maior de 25. Decidido por essa locadora, tivemos que pegar um ônibus gratuito que levava até o estacionamento da locadora, onde assinaríamos o contrato e pegaríamos o carro.
A atendente era bem gente boa, e foi fazendo todo o contrato lá, pegando nossas informações, perguntou se queríamos o seguro, dissemos que sim, pergutou se queríamos poder entregar o tanque vazio, dissemos que sim, e quando ela deu o preço final, é que veio a surpresa. 280 dólares. Pedimos pra refazer e tirar todos os opcionais, pedimos até por um carro piorzinho. Ai o outro atendente que era um cara enorme, sugeriu fortemente que não tirássemos o seguro, por que poderíamos ser presos, bla bla bla. Começamos a nos olhar com aquela cara de "porra, tá muito caro". A atendente reparou nossa reação, e fez uns migués lá no sistema, de forma que alugamos altos carro por pouco mais de 100 dólares.
Abaixo a foto do carro, um Altima, automático, 2.5, com GPS. Mais do que suficiente pra uma viagenzinha de 4 horas.
Saindo de lá, dirigimos um pouco, paramos pra almoçar (no Mc Donald's) e duas horas mais tarde já estávamos chegando em Silverthorn para deixar o primeiro Guilherme. Lá tem várias outlets (lojas que vendem coleções antigas). Perdemos muito tempo lá e não compramos quase nada. Comprei uma toca só. Duas horas depois pegamos a estrada novamente para Aspen (finalmente). Foto em Silverthorn:
Chegando mais perto de Aspen já escurecia, nevava muito em alguns lugares, em outros chovia. E limpar neve com o parabrisa não é uma boa idéia. Ficava o tempo inteiro acompanhando o horário previsto de chegada indicado pelo GPS.
Já passava das 18:00 quando chegamos em Aspen, e a essa hora já está escuro por aqui. Não foi difícil achar nosso apartamento que tem uma bandeira do Avaí na porta. Entramos e encontramos o João que disse que achava que chegaríamos dia 11.
É isso ai, depois de mais de 24 horas viajando, chegamos no nosso Destino. Aspen finalmente. Trocamos o calor do verão de Floripa, pela friaca do inverno de Aspen.
Tá mais do que na hora de começar a postar por aqui. Hoje faz um mês que embarquei no avião em Florianópolis rumo a Aspen. Pra começar coloco essa fotinho da manhã de hoje. Segundo dia andando de snowboard, primeiro dia fazendo direito, por que a primeira vez foi só pra amaciar a neve.
Mas nem tudo foram flores até o dia de hoje. Resumindo rapidamente esses 30 dias por aqui. Tudo começou no dia 05 de dezembro, em Florianópolis, onde eu e o Guilherme levamos nossas famílias e namoradas até o aeroporto praquela despedida emocionante. Naquele momento eu ainda não tinha me dado conta das coisas que eu estava deixando pra trás, família, namorada, amigos, minha vida inteira por lá. É claro que eu sabia, mas não tinha sentido o que era isso.
Logo em seguida o embarque no avião, alguns minutos de espera na sala de embarque. Meu primeiro vôo de avião. Não fiquei na janela, mas deu pra ver o avião levantar vôo e Floripa ficar pequena. Nem a decolagem, nem o pouso foram a surpresa que eu esperava. O aeroporto de São Paulo era bem maior, mas não tivemos tempo de conhecê-lo. Foi só o tempo de sair do avião, fazer o check-in, passar no free shop e esperar na sala de embarque. Lá encontrei minha professora de inglês, que também estava vindo fazer intercâmbio.
Outro vôo. Dessa vez um avião bem grande. Uma decolagem com muito mais velocidade. Mas o vôo foi um saco. Mais de 10 horas dentro do avião, sentado, num banco que na posição normal fazia 90 graus com o chão e inclinado devia fazer 89 graus. O jeito era ficar acordado, tinham uma televisãozinha pra cada poltrona. Vários filmes, jogos, músicas e informações sobre o vôo, como altura, velocidade e distância. O problema é que o fone de ouvido era horrível, mas eu tinha o meu fone. Só que o fio do meu fone é pequeno. Então eu tinha duas opções, ver um filme desconfortavelmente ou ficar entediado encostado na poltrona. Fiquei revezando entre os dois. A viagem que pareceu durar umas 20 horas, logo chegou ao fim.
Chegamos em Dallas, agora sim, Estados Unidos, a aventura tava começando. Fomos passar pela imigração e aparentemente tudo certo. Eu com todos os meus documentos, vi todos passando tranquilamente. Mas claro, comigo não podia ser assim. Por que não começar a viagem com um sustinho? Cheguei na frente daquela policial (vou poupar esse post dos adjetivos que atribui a ela) e ela me perguntou para onde eu ia e o que eu ia fazer. Sem saber a especificidade que ela queria, eu prontamente respondi que iria trabalhar em Aspen. Ela insistiu na pergunta, já começando a me tratar como um idiota, e eu disse que ainda não tinha emprego, que iria arranjar quando chegasse. Ai comecei a me enrolar, ela foi desistindo de conversar comigo, olhou pra mim e disse palavras que ecoaram na minha cabeça por dias: "this is not good". Ela virou pro computador e começou a digitar. Olhei para o Guilherme, que já tinha passado, e fiz o famoso sinal com as mãos de "me fudi". Logo em seguida a policial me chamou para uma salinha reservada. Era visivelmente uma sala de espera, com alguns outros policiais atrás de vidros. O problema é que somente eu estava esperando lá. E era difícil não pensar que talvez a viagem terminasse ali. Outro policial me chamou, e conversou comigo muito tranquilamente, fez algumas das mesmas perguntas que a outra, pediu alguns outros documentos que por sorte eu levava na mochila e me liberou. O sentimento de alívio foi grande, mas o susto tinha sido maior ainda. E aquilo estragou meus dias até a chegada em Aspen.
Minha tentativa de resumir um mês foi meio fail, então vou parar por aqui. Quem quiser ver algumas fotos e outras histórias podem entrar no blog do pessoal que mora comigo, como já dito no post anterior. Agora que o ponta pé inicial foi dado, pretendo postar mais periodicamente.